terça-feira, maio 11, 2010

Como anda o mercado de Luxo?

Definitivamente o ano de 2009 foi um grande susto para o mercado de Luxo, que vinha acostumado ao ritmo acelerado e quase imbatível de crescimento que marcou a atividade nos últimos 30 anos. Este período de perdas e desaceleração criou expectativas muito negativas para o ano de 2010. Ninguém conseguia, de forma assertiva, gerar análises claras sobre o que esperar do novo ano. Até que ponto a adversidade dos mercados mundiais impactaria realmente o consumidor? Um novo comportamento de consumo surgiria? Os exercícios das empresas deveriam ser mais otimistas ou pessimistas? Afinal, o que esperar? Quais seriam as principais novas tendências ou até mesmo a nova realidade do mercado?

Fato: as perdas foram grandes.
O primeiro trimestre de 2010 apresenta um cenário que, de alguma forma, já nos mostra com certa precisão o que devemos esperar para os próximos anos. Entretanto, antes de qualquer informação, precisamos levar em conta outro importante fato: o consumo de Luxo tem o seu espaço garantido na tomada de decisão dos consumidores. A era atual na qual estamos inseridos, pautada no consumo de experiências e emocional, favorece e muito o desenvolvimento de oportunidades para o Luxo. Não devemos recuperar rapidamente o período frutífero dos últimos anos, mas, seguramente, retomaremos taxas de crescimento representativas e significativas.

A compensação para as principais perdas virão dos mercados emergentes e, principalmente, da base de classe média que passou por processos contundentes de inclusão social nos últimos anos. As expectativas em relação ao mercado de consumo Chinês para produtos e serviços de Luxo não somente se confirmam como, principalmente, se estabelecem como o principal e mais importante cenário para os próximos anos. Considerando que metade do consumo de Luxo mundial sempre esteve no mercado americano e japonês, a liderança da China surpreende. Caso o país mantenha o atual ritmo de crescimento no consumo de Luxo, os chineses passam a liderar mundialmente nos próximos 5 anos.

Definitivamente, a grande alternativa para crescimentos expressivos nos próximos anos estará nos mercados ditos emergentes. China, Índia e Brasil na liderança. Com o crescimento do produto interno bruto da Índia e o volume representativo de surgimento de classe média, os resultados deverão ser muito significativos. Entretanto, a sensação e a frustração do momento é o Brasil. Ao mesmo tempo em que o país se apresenta como uma das mais interessantes alternativas para o crescimento do consumo de Luxo, o grau de complexidade e burocracia do mercado assusta, preocupa e, acima de tudo, posterga decisões que poderiam acelerar os investimentos.

Na América Latina, o Brasil passa a ser a capital do consumo de Luxo, com foco principal na cidade de São Paulo, ultrapassando a relevância que Buenos Aires já teve no cenário e, evidentemente, a força que o México ainda possui. A classe média, vista como a salvação das economias mundiais assume de vez sua importância e será definitiva para o consumo de produtos e serviços de Luxo.

A classe dominante, por sua vez, diminuirá a efervescência do consumo, desenvolvendo novas consciências e tomadas de decisões mais cautelosas. O Luxo assumirá sua faceta mais contemporânea: mais do que ter, ser! A Era das experiências.

A vantagem competitiva estará nos profissionais e nas empresas que conseguirem estimular sua base de clientes e consumidores pelas sensações e pelo intangível e não mais somente pelas características técnicas tradicionais de produtos e serviços.

A recorrente dúvida passa a ser: estamos preparados para o consumidor que emerge da crise? Estamos prontos para trabalhar estrategicamente as sensações? Estamos, afinal, aprendendo com o negócio do Luxo?

*Carlos Ferreirinha é Presidente da MCF Consultoria & Conhecimento, especializada nas ferramentas de gestão e inovação do Negócio do Luxo e Premium, com atuação no Brasil, América Latina, Portugal e Angola – www.mcfconsultoria.com.br

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